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Religião: Fyrense

 

Existência: 870 anos

 

Veneração: Povos do ocidente (grande maioria)

 

Símbolo(s): Haste em chamas e cruz azul

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     Setenta anos antes da colonização de Eingsfyre, uma nova doutrina começava a lançar suas raízes sob o solo da Trindade. Segundo as lendas, tudo se iniciou com uma reunião de sábios nas Falanges Nevadas, em Tyvkar. Segundo estes sábios, "vislumbres da verdade" os foram concedidos durante uma jornada de peregrinação, após alcançarem certa altitude no pico Fyre, a mais alta formação rochosa conhecida no mundo até o presente. De acordo com os relatos que não se desgastaram com o tempo, estes homens entraram em contato com uma entidade de existência suprema e onisciente, nomeada por eles apenas por Deus. Esta entidade teria sido a responsável pela criação de não apenas o mundo conhecido, mas todo o desconhecido e o além que o cerca. O ser onisciente também os teria revelado que uma vez a cada nova geração, um Celestial seria enviado ao mundo para liderá-lo para uma prometida salvação. Tais informações não foram bem recebidas pelos veneradores das Forças Primordiais, que incitaram revoltas e ataques contra os seguidores e discípulos destes ditos sábios. Os julgaram como loucos e pecaminosos.

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Pico Fyre, nas Falanges Nevadas de Nevra, Tyvkar.

    Para liderarem seus reduzidos seguidores contra as represálias dos numerosos seguidores do Primordunis, os sábios elegeram um líder entre eles, uma nomeação tão insignificante para a época que nem seu verdadeiro nome se é certo atualmente. Fontes variadas diferem entre "Jardarv" ou "Jinard", o Celestial, o primeiro Papa da história. Foi ele que ergueu a Ordem da Cruz Azul, o primeiro nome dado àquela nova religião, que durou apenas até que os conflitos armados entre as crenças opositoras se encerrassem, alguns anos após sua fundação. Eles e seus seguidores foram os fundadores da cidade sagrada de Nevra, situada em frente ao sopé do pico Fyre. A cruz azul era uma representação de uma espada de ponta-cabeça, símbolo que serviu para retratar a situação hostil à qual esta crença foi forçada a se submeter.

          Um fatídico dia entrou para a história das terras do ocidente, quando o primeiro Celestial concordou em se entregar para os atacantes do seu humilde povoado, fez isso em favor de uma possível troca pela segurança dos seus seguidores, que há tempos já eram assolados pelas incursões dos devotos às Forças Primordiais. Muitos dos adeptos da nova religião que tentava se estabelecer no solo da trindade já haviam sido executados em favor da divindade do fogo, com o primeiro Celestial não foi diferente. Seu corpo foi preso em uma haste de madeira, que junto com mais um amontoado de combustível aos seus pés, queimaram. Foi neste ponto em que os demais habitantes da Trindade começaram a sentir remorso pela crueldade sem fim que estava se instaurando pelas redondezas daquela terra. Inspirados pelos nobres sacrifícios do líder religioso e de seus discípulos, vários novos nomes aderiram à causa dos sábios de Fyre. Muitos passaram a acreditar que só seria possível de se manter tão fiel para com uma ideologia se essa tivesse fortes fundamentos. Então, próximo da terceira década de existência, a perseguição contra a popular nova doutrina finalmente cessou.

          Os serviçais da Cruz Azul largaram suas lâminas, deixando de lado aquela antiga rivalidade entre ideais, assim como o símbolo por eles carregado. A nova crença passou a ser representada pela ferramenta de sacrifício dos seus mártires, a haste flamejante, à qual tantos antes foram atados. Seguindo os ensinamentos do primeiro Papa e daqueles que vieram após, a religião fyrense começou a se popularizar ainda mais através das terras de Tyvkar, Centrírion e Dévo. Os quarenta anos que tiveram para se desenvolver depois daquilo foram realmente aproveitados ao máximo durante as primeiras incursões ao novo continente de Eingsfyre, nome dado inclusive em homenagem à nova fé, que guiou os corações de muitos colonizadores durante a ocupação da nova terra. Traduzido do Tyvkast antigo, a palavra significa "Nascido de Fyre".

      A palavra fyrense prosperou imensuravelmente dali em diante, tornando-se a religião dominante do novo continente e agregando cada vez mais seguidores através da Trindade. Quinhentos e setenta anos após a colonização, Eingsfyre passou pelo momento mais sombrio de sua existência até então. A Era Sangrenta. Não se sabe bem a duração desta fase, pois muitos relatos foram perdidos através dos tempos, em grande parte devido a irrefreável sanguinolência e destruição que acompanhou esse período. Estudiosos alegam ter abrangido de cinquenta a oitenta anos, o tempo desde a estadia das tropas carmesim trazidas das Terras do Leste até a redução de manifestações contra a Purificação. As bases da fé no reino foram quase que dizimadas pelo poder dos feiticeiros de sangue do oriente, que eram liderados por um ser desumano, tão maleficamente poderoso que foi designado como um dos filhos do inferno pelos fyrenses. Após incansáveis manobras defensivas, o líder dos invasores e seus discípulos foram derrotados, com muito sacrifício, incontáveis sacrifícios.

         Antes que a poeira pudesse abaixar, a Igreja, organização fundada pelos seguidores dos Sábios de Fyre, plantou uma nova visão nas mentes dos seus filhos. A magia era perigosa demais para ser deixada impune. A recente calamidade que quase destruiu Heartfall servia como prova para esta acusação. Foi então quando o décimo primeiro Celestial, o Papa Inquirus, agora residente do Grande Templo em Heartfall, reformou a antiga Ordem da Cruz Azul, com o propósito de resguardar o mundo contra a magia. Os portadores de habilidades sobrenaturais começaram da noite para o dia a serem perseguidos pelos soldados do Grande Templo, ou cruzes azuis, como comumente são designados. O Plano Astral com o qual os portadores de magia tinham conexão ganhou uma nova conotação aos olhos dos seguidores da Igreja, e passou assim a ser referenciado como Inferno dali em diante. Aqueles que possuíam ligações com ele foram taxados como amaldiçoados, hereges ou impuros.

           Uma considerável parte do poderio mágico da Trindade havia sido perdido no apoio a Eingsfire contra a invasão dos orientais, a religião fyrense havia se tornado ainda mais influente pelo território nos últimos séculos, chegando a ofuscar e, consequentemente, sobrepujar a crença primordial. Quando a notícia da catástrofe que assolou a nação filha da nova doutrina alcançou os ouvidos dos seus fundadores, uma revolta se iniciou, um movimento que dividiu o continente em dois. Os fyrenses quebraram o pacto de coexistência com os seguidores de Primordunis, fizeram isso quando acusaram alguns dos seus mais altos representantes de hereges. Um grande conflito armado entre os dois lados se iniciou então. O Celestial Inquirus deu a ordem de reformação da Cruz Azul da Trindade para que sua fé pudesse pegar em armas e combater a oposição. Os papéis haviam sido invertidos, os opressores não eram mais os veneradores das forças primordiais. Filho da mais nobre linhagem Tyvkal, Inquirus possuía grande influência no governo da Trindade, isto lhe deu a capacidade de reunir sobre seu manto a maior parte do poderio militar da oligarquia. Somado com a influência religiosa sobre os aspirantes à Cruz Azul, a mão de ferro da Igreja colocou em andamento a manobra que iria culminar na condenação da magia no mundo civilizado, assim como na erradicação do culto de Primordunis. Este movimento ficou conhecido até atualmente como a Purificação.

             Em pouco menos de oito décadas, o legado do Papa Logamimn Inquirus havia colocado no chão uma das mais respeitadas e temidas manifestações de poder conhecidas ao homem, a era da magia parecia ter chegado ao fim. Seus amedrontados praticantes eram agora perseguidos e condenados às mesmas fogueiras que um dia construíram para oprimir um minúsculo movimento de fé contraditória.

© 2020 A Purificação

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